Mais de 400 municípios gaúchos, em pouco mais de uma semana tiveram bairros inteiros engolidos por uma chuva que não parava de cair.
Foi a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul e já deixou pelo menos 136 mortos e afetou mais de 2 milhões de pessoas.
Desde o dia 27 de abril, áreas no Vale do Rio Pardo, na região central do Estado, já sofriam com fortes chuvas e granizo.
Mas em 29 de abril foi a data em que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu o primeiro alerta vermelho de volume elevado de chuva.
Uma combinação de fatores, entre eles uma massa de ar quente sobre a área central do país, que bloqueia a frente fria que está na região Sul e faz com que a instabilidade fique sobre o Estado, foi o que causou chuvas intensas e contínuas.
O período entre o final de abril e o início de maio de desde ano ainda teve a influência do fenômeno El Niño, responsável por aquecer as águas do Oceano Pacífico, contribuindo também para que áreas de instabilidade fiquem sobre o Estado.
O que foi potencializado pelo aquecimento global, que torna os eventos climáticos mais frequentes e cada vez mais potentes.
No dia seguinte, (30), foram registradas as primeiras cinco mortes da tragédia gaúcha, sendo duas na cidade de Paverama, uma em Pantano Grande, uma em Encantado e uma em Santa Maria.
Dezoito pessoas estavam desaparecidas naquele momento e 77 municípios já eram considerados impactados pela água, sendo que em Santa Maria, a força da água foi tamanha que destruiu uma ponte e uma segunda ponte desabou em Santa Tereza, cidade a cerca de 70 km de Caxias do Sul.
Já no dia 1° de maio, o cenário piorou dramaticamente, pois já eram 114 municípios e mais de 19 mil pessoas afetadas, o que fez ser decretado estado de calamidade pública.
Nesse dia também foram contabilizadas mais cinco mortes, totalizando 10 óbitos, sendo a metade das vítimas fatais até então era de pessoas idosas, tendo como causas das mortes, descarga elétrica, afogamento e deslizamentos de terra.
A partir da quinta-feira (2/5), o número de vítimas fatais subiu com 19 novas mortes registradas em 24 horas.
Estava sendo impossível o acesso em determinadas localidades e era sabido que haviam deslizamentos, inundações e pessoas que estavam em locais inacessíveis.
Mais de 4.500 pessoas já estavam em abrigos em todo o Estado, e veio uma advertência da Defesa Civil que a barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na Serra do Rio Grande do Sul, estava em processo de colapso, o que fez famílias evacuarem as áreas de risco.
Na região metropolitana de Porto Alegre, foi alertado que o Lago Guaíba estava prestes a transbordar de modo “significativo”.
No dia seguinte, já eram 265 municípios afetados, mais da metade do estado, e o Lago Guaíba ultrapassou a marca histórica de 1941 e alcançou o nível inédito de 4,77 metros, causando inundações em diversos bairros da capital gaúcha, incluindo o centro histórico, e também a rodoviária e os centros de treinamento do Internacional e Grêmio ficaram debaixo d’água.
A Defesa Civil fez um alerta para rompimento parcial da barragem 14 de Julho e advertiu que moradores de sete municípios da região deveriam sair das áreas de risco e procurar abrigos.
O órgão também colocou o rio Taquari em situação de inundação severa, que fez o número de mortes chegar a 39, e 68 pessoas desaparecidas.
No sábado (4/5), o número de mortos ultrapassou o da tragédia ambiental de setembro de 2023 no Estado, quando 54 pessoas morreram em enchentes, e naquele momento, a estatística chegava a 55, com 74 desaparecidos.
Além dos danos a casas e prédios, a infraestrutura pública também havia sido atingida, e nesse dia já eram mais de 400 mil pontos sem energia elétrica e pelo menos 186 municípios sem sinal de internet e telefone, também com mais de 1 milhão de casas sem abastecimento de água.
Já parecia um cenário de guerra no Estado, e consequentemente o que ainda estava por vir era o cenário triste de pós-guerra, sendo que as autoridades locais registravam 78 óbitos e 175 feridos, com um total de 341 municípios afetados, ou mais de 840 mil pessoas.
O Guaíba continuou a subir: na manhã de 6 de maio, chegando a 5,33 metros, sem dar sinais de recuo, o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foi fechado por tempo indeterminado.
Os aeroportos das cidades de Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Santo Ângelo continuavam operando, e infelizmente naquele momento, já eram 85 óbitos confirmados, e 385 dos 497 municípios do estado já tinham sido atingidos de alguma forma.
Em 7 de maio, o número de desabrigados chegou a quase 160 mil, e a intensidade da chuva começou a diminuir, mas o nível dos principais rios continuava elevado e muitas cidades permaneciam com bairros inteiros sob a água.
No dia 8, o nível do Lago Guaíba, na capital gaúcha, já estava em processo de descida, baixando 20 centímetros em 24 horas, só que umanova frente fria chegou ao Estado, derrubou as temperaturas e causou mais chuvas e ventos fortes, além de riscos de raios e trovoadas.
Muitos moradores seguiam em situação dramática, com mais de 500 mil pessoas sem água, incluindo 85% da população de Porto Alegre.
Na quinta-feira (9/5), as notícias eram de mais de 1,7 milhão de pessoas afetadas, com centenas de relatos de famílias desesperadas e sem saber o que fazer diante da tragédia.
Com o desabastecimento, supermercados ficaram lotados de pessoas em busca de água mineral e alimentos básicos, mas felizmente puderam contar com voluntários que fizeram a grande diferença, ajudando a resgatar e abrigar vítimas,como também arrecadar e distribuir mantimentos.
Pessoas de outros Estados brasileiros se mobilizaram e foram rumo ao Sul do País para ajudar, muitos anônimos e algumas celebridades, entre eles, o surfista Pedro Scooby, o humorista Whindersson Nunes, o campeão do BBB 24 Davi Brito, e muitos outros usaram suas redes sociais para promover as vaquinhas virtuais arrecadando dinheiro, alimentos, roupas, água, enfim, tudo que possa ajudar o povo do Rio Grande do Sul.
Na sexta-feira (10/5), o Rio Grande do Sul já contabilizava 126 mortos, 141 desaparecidos e 756 feridos, com cerca de 1,9 milhão de pessoas afetadas em 441 municípios, com 340 mil tendo que deixar suas casas e 71 mil alojadas em abrigos.
Voluntários ainda estão chegando no Estado do Rio Grande do Sul para ajudar nos resgates e também na distribuição de água, alimentos, colchões, roupas e calçados para o povo que se encontra desabrigado por causa das enchentes.
Muitas ajudas estão aparecendo não só de outros estados do país como também de outros países, inclusive de Portugal.
Que a vida seja sempre a coisa mais importante e que a solidariedade cresça cada vez mais …
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